O esquema investigado pela Polícia Federal (PF) e Controladoria Geral de União (CGU), nos hospitais Universitário e Regional de Campo Grande, funcionava porque a fiscalização nas instituições de saúde é frágil, conforme apontou a investigação da “Operação Again”, deflagrada na manhã de hoje (25).
“Os dois hospitais fiscalizados mantinham um controle muito precário, no papel e em planilhas. Era frágil mesmo. Durante a fiscalização física das equipes foi solicitado a relação dos produtos que deveriam estar em estoques e conferidos. Vários tinham sumidos e não sabiam se quer para onde tinham ido. Tinha produtos que já tinham sido utilizados sem qualquer tipo de descarte, produtos vencidos mantidos em estoque e deveriam ter sido descartados. Era um controle precário que possibilitavam os desvios”, detalhou o superintendente da CGU, José Paulo Barbieri.
Viagens para o exterior e carros de luxo eram usados como propina para que nenhuma ação do esquema fosse descoberta. Ao todo, oito pessoas estão envolvidas no caso. Entre elas estão empresários e servidores dos hospitais.
“Cabeças” do esquema, o cardiologista Marcule Cavalcante e o empresário Pablo Figueiredo, sócio da Amplimed, manipulavam cláusulas na licitação dos hospitais para que a empresa vencesse de forma mais garantida o certame. Após isso, a empresa superfaturava o valor dos produtos cardíacos.
Em R$ 6 milhões de compras analisados pela investigação, foi constatado um prejuízo de aproximadamente R$ 3 milhões aos cofres públicos. Contribuindo para esse prejuízo, próteses e kits cardíacos eram comprados para os hospitais e desviados para serem usados de fato em clínicas particulares. Também eram utilizados materiais vencidos ou esterelizados para serem reutilizados nos pacientes.
Cavalcante e Figueiredo vão colocar tornozeleiras eletrônicas e o médico está proibido de entrar nos dois hospitais envolvidos no esquema. Eles vão responder por responder por corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e fraude em licitação. A próxima fase da operação deve ouvir testemunhas, periciar as provas e analisar os materiais apreendidos.
Correio do Estado
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