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sábado, 18 de agosto de 2018

PREFIRO MORRER DE FOME NA VENEZUELA DO QUE SER AGREDIDO AQUI.DIZ VENEZUELANO.

Moradores de Pacaraima, na cidade de fronteira, fizeram ato contra venezuelanos após um comerciante local ter sido assaltado supostamente por imigrantes

Venezuelanos atacados por brasileiros em um ato em Pacaraima, cidade na fronteira, relataram terem sofrido sucessivas agressões neste sábado (18). 

Pela manhã,moradores da cidade praticaram atos de violência, destruíram acampamentos e expulsaram os imigrantes da ruas. Com medo, muitos deles decidiram voltar a pé para o país.

O tumulto na fronteira começou por volta das 7h deste sábado quando moradores de Pacaraima incendiaram pertences de imigrantes depois de um comerciante brasileiro ter sido assaltado na cidade. A suspeita é que venezuelanos tenham cometido o crime, o que revoltou a população.

A família do mecânico Marido Alexander Pérez, de 38 anos, foi uma das vítimas do tumulto. Eles deixaram a cidade de El Tigre há quatro meses viviam em um barraco às margens da BR-174, em um acampamento improvisado.

Inconsolável, a esposa de Pérez, Yaretsi Corrêa, 37, chorou bastante ao ver que todo alimento que ela estava guardando para levar para os filhos na Venezuela foi queimado. Além disso, todos os documentos deles, como Cédula Venezuelana, CPF brasileiro, cartão do SUS, diploma universitário e certificado de conclusão da escola, foram incendiados.

  • Eles [brasileiros] nos disseram que se continuarmos aqui vão nos matar. Vou estar mais tranquila quando cruzar a fronteira”, Yaretsi disse. A família decidiu voltar para a Venezuela. Eles cruzaram a fronteira até a aduana e de lá iriam tentar carona até Santa Elena.

  • Eles também relataram que no momento dos ataques agentes da Força Nacional de Segurança ficaram o tempo todo presente, mas não atuaram para impedir as agressões cometidas pelos brasileiros.

  • A Força Nacional estava presente aqui durante tudo e não fez nada. Parecia que estavam protegendo os brasileiros que nos agrediram”. O Ministério da Justiça em Brasília informou que não vai divulgar nota sobre a situação em Pacaraima.

  • A venezuelana Mariver Guevara, de 42 anos, também vivia com a filha de 13 anos no mesmo acampamento. Elas moravam há em um barraco que foi completamente incendiado. Ainda assustada, Mariver contou que estava fazendo café quando um grupo chegou atacando todos do espaço.

  • Ela disse ainda que o grupo os moradores colocaram gasolina e atearam fogo em tudo. Mariver disse que todas suas roupas e as da filha foram queimadas. Horas depois ela retornou ao barraco onde vivia e a única coisa que conseguiu resgatar em meio aos escombros foi uma bíblia e um pote de plástico.

  • Não sei o que fazer. Não quero voltar para a Venezuela". Ela contou que conseguiu se esconder na casa de brasileiros conhecido dela em Pacaraima.

  • Durante a tarde, as ruas de Pacaraima ficaram vazias. As lojas do comércio estavam fechadas e o cenário era de destruição nos locais onde viviam os imigrantes. No Centro de Triagem, onde os venezuelanos passam para se regularizar no Brasil, também não havia ninguém.

  • G1


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