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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

DEFESA ALEGA QUE FILHO SUSPEITO DE ASSASSINAR OS PRÓPRIOS PAIS, CONFESSOU CRIME MEDIANTE AGRESSÃO POLICIAL

A defesa de Gustavo Bernardelli Cauneto, suspeito de envolvimento na morte de seus próprios pais, o vereador de Santo Expedito (SP) Valfrido Cauneto e Maria Vanda Bernardelli Cauneto, informou ao G1 na tarde desta quinta-feira (30) que acredita 100% na inocência dele e que a confissão do crime foi feita mediante agressão policial.
Defesa alega que Gustavo Bernardelli Cauneto confessou os assassinatos após ser agredido pela Polícia Civil — Foto: Sílvia Duarte de Oliveira Couto/Cedida

A advogada Sílvia Duarte de Oliveira Couto, que defende Gustavo, afirmou ao G1 que, no procedimento da prisão, a Polícia Civil arrombou a casa e agrediu seu cliente para que ele confessasse o crime.

“Bateram nele a ponto de chegar a urinar. Ele só confessou porque apanhou muito”, declarou Sílvia.

Conforme a advogada, o exame de corpo de delito constatou lesões de natureza leve. “Realmente são leves, mas não há descrição de quantidade. Não reflete a realidade de Gustavo”, afirmou.

A advogada afirmou também que não existe nenhum indício que comprove que seu cliente tenha cometido os assassinatos.

“Primeiro ponto, o crime ocorreu em um dia de muita chuva e não foi localizada nenhuma roupa do Gustavo molhada ou suja de sangue. Segundo ponto é que a arma não era dele [Gustavo] e estava sem resíduo de pólvora. 
Laudo do exame de corpo de delito aponta que o suspeito possui lesões leves — Foto: Sílvia Duarte de Oliveira Couto/Cedida
O terceiro ponto é que a confissão foi feita sob agressão. O que existe é um exame de enxofre que deu positivo, mas nas mãos dos dois filhos, pois eles trabalham com produtos para plantas que possuem esse componente”, explicou Sílvia ao G1.

Ainda segundo a advogada, as munições da arma e as localizadas no local do crime não são de Gustavo. “Pertenciam à Polícia Civil”, declarou.
Sílvia esclareceu que respeita o trabalho da Polícia Civil, mas demonstrou indignação com relação à maneira com que os atos da prisão e do depoimento foram realizados.

“A minha indignação é porque eles [policiais] feriram o preceito constitucional por não permitir a assistência da defesa na prisão e no depoimento. Gustavo foi ouvido sem defesa. Esse depoimento possui muitos vícios e ele não vai prevalecer”, afirmou a defensora do suspeito.

Sílvia disse ainda que seu cliente está sendo vítima da repercussão do caso junto à opinião pública.

A advogada ainda explicou que Gustavo e o pai não tinham um relacionamento conflituoso, pois o vereador frequentava a casa do filho.

“Reitero sem dúvida a inocência dele [Gustavo]”, concluiu a advogada.
O advogado Renato Oliveira de Souza, que também defende Gustavo, afirmou ao G1 que a defesa adotará os procedimentos necessários para que seu cliente seja colocado em liberdade.
Os advogados Sílvia Duarte de Oliveira Couto e Renato Oliveira de Souza, que atuam na defesa de Gustavo Bernardelli Cauneto — Foto: Wellington Roberto/G1

Polícia Civil

Sobre as acusações da defesa de Gustavo Bernardelli Cauneto, de que ele teria apanhado da polícia, a Delegacia Seccional de Polícia de Presidente Prudente (SP) reiterou que a prisão dele foi cumprida com observância às normas legais, sendo certo que no momento da detenção houve resistência.
Essas circunstâncias foram registradas em Boletim de Ocorrência próprio e que o preso foi submetido ao devido exame de corpo de delito.

Prisão

A Polícia Civil prendeu, na tarde desta quarta-feira (29), Gustavo Bernardelli Cauneto, de 39 anos, que confessou ter assassinado a tiros os próprios pais, Valfrido Cauneto e Maria Vanda Bernardelli Cauneto, na semana passada, em Santo Expedito (SP).

Gustavo é o filho mais novo do casal e foi detido em sua casa, também em Santo Expedito, para o cumprimento de prisão temporária por 30 dias determinada pela Justiça.

Segundo a polícia, Gustavo alegou que teve um "surto psicótico" que o levou a assassinar os próprios pais.
A arma de fogo usada para matar as vítimas foi encontrada em uma represa na chácara de um tio do suspeito.

O casal foi morto a tiros na propriedade rural da família, em Santo Expedito, na última quinta-feira (23).

Valfrido, que já havia sido prefeito de Santo Expedito por dois mandatos entre as décadas de 1970 e 1980, ocupava o cargo de vereador na cidade.
O filho mais velho do casal encontrou o pai, de 76 anos, e a mãe, de 68 anos, já sem vida, por volta das 4h30, quando chegou para ajudar na ordenha de vacas na propriedade rural da família.

Cinco disparos atingiram as vítimas, conforme informou à polícia o Instituto Médio Legal (IML).

Localizada caída na porta do quarto, a mulher apresentava três ferimentos à bala – 1 na perna, 1 no olho e 1 no peito (que transfixou às costas) – e o homem, encontrado entre a cama e um guarda-roupas, duas lesões – 1 na cabeça e 1 na axila, conforme contou ao G1 o delegado Mateus Nagano da Silva, responsável pelas investigações.

A porta dos fundos da casa estava aberta, sem sinais de arrombamento.
Conforme a Polícia Civil, o local era cercado por câmeras externas, mas a central com as imagens do circuito de segurança foi levada por quem cometeu o crime.

G1
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