"Comecei a perder minha identidade", assim que Fernanda Lima, de 29 anos, descreve o momento quando começou a perder o cabelo. A empresária, que foi diagnosticada há quase três anos com alopecia areata, doença autoimune que ocasiona a queda de cabelo e pelos pelo corpo, foi surpreendida pela família. Irmã, pai e esposo rasparam o cabelo em apoio.
Como Fernanda relembra, os familiares "estavam demostrando um amor radical, um amor de família". Até então, a empresária registraria apenas o corte de cabelo dela, de forma surpreendente, a irmã gêmea a surpreendeu e também começou a raspar a cabeça. No vídeo, é possível ver que o marido de Fernanda e o pai tiveram a mesma atitude."Eu nunca tinha pensado em aparecer na internet careca. Depois que vimos o vídeo, percebemos que tínhamos que postar. Outras pessoas podem olhar e ver, podemos aproximar famílias, fazer com que elas fiquem mais unidas", explica Fernanda sobre o vídeo que ganhou as redes sociais.
Fernanda conta que a o ato dos familiares em raspar o cabelo foi contagiante. De um lado via a irmã demostrando amor, e do outro enxergava que a atitude não seria necessária.
"Eu tive um misto de emoções, eu pensei que ela não precisava, ela tem cabelo, não precisava fazer aquilo. Mas também tem o lado dela querendo passar o sentimento comigo. Ela tomou a atitude, eu somente me rendi, a alegria deles eram contagiantes"
— , com a voz alegre, contou.
Fernanda explica que a doença começou de forma branda em 2018, e conforme os sentimentos e emoções dela afloravam, a queda do cabelo seria vista posteriormente.
"No começo eu tinha poucas falhas no cabelo, era uma entrada ou outra. Sempre quando eu tinha picos de emoções muito fortes, sabia que mais para frente meu cabelo iria cair. Qualquer pessoa quando se estressa fica diferente, quando acontece comigo, meu cabelo cai"
— , explicou a empresária.
Auto aceitação: um processo
Na história de Fernanda, o ato de se olhar no espelho é dividido em três etapas. "No começo, quando descobri, eu questionava minha identidade ao me olhar no espelho, não entendia que era eu. Depois, após começar a aceitar, comecei a construir uma outra identidade. Agora, vejo beleza em outros lugares do meu corpo", disse Fernanda.
"Antes, eu achava que eu era meu cabelo, minha identidade passava por ele. Hoje eu passei a entender que eu sou muito mais que o meu cabelo", a forma de aceitação foi como um processo para Fernanda, que ainda está em construção.
"Ver a perca do meu cabelo foi desesperados. Dormir e sonhar que não tinha ele, era muito difícil. Eu me agarrei na fé e o poder que eu sinto de Deus me segurando, é que eu não entraria em depressão"
— , disse Fernanda
"É como se os anticorpos combatessem os meus sentimentos. Foi muito doloroso. Quando eu passei a entender que não é o meu cabelo que me caracteriza, eu comecei a declarar que aquilo não fazia parte da minha vida. Com fé, oração e coisas boas entendi tudo aquilo", declarou Fernanda.
A empresária e pastora compartilha que o processo fez com que ela descobrisse uma outra identidade.
"Eu comecei a procurar uma beleza em lugares onde eu nem imaginava. Hoje eu vejo coisas que não via por causa do cabelo, eu não dava valor, hoje, enxergo detalhes. Descobri uma nova versão".
— , relatou ele.
"Aquilo que ensinava, tive que colocar em prática"
Fernanda conta que o tratamento da alopecia areata foi gradual. No início, a empresária, que também é pastora em uma igreja evangélica de Campo Grande, explica que aplicava remédios nas falhas, de forma localizada.
A queda de cabelo veio de forma intensa para Fernanda no começo deste ano. No final de 2020, a empresária foi diagnosticada com infertilidade, e logo após contraiu a Covid-19.
"De uma hora para outra caiu de forma agressiva, foi por causa dos dois motivos. Com o acúmulo de emoções, vem a queda. Tive o diagnostico de infertilidade e a Covid, baixou a minha imunidade. Em dezembro estava maravilhosamente bem, em janeiro, um mês depois do diagnóstico veio isso [a queda severa de cabelo"
— , relembrou
Fernanda explica que como pastora, sempre apoio e ensinou o amor próprio para outras mulheres. "Sempre falava para que elas se amassem, aceitassem e se vissem bem. Eu coloquei a prova tudo aquilo que ensinava há tantos anos para tantas mulheres. Eu me coloquei, literalmente, no lugar delas. Eu tinha o conhecimento, eu precisava aplicar ele".
Há um ano, Fernanda, além de compartilhar a experiência com suas fiéis e amigas da igreja, usa as redes sociais para compartilhar cartas. "São cartas para autoestima, lá eu tenho sempre cartas para autoestima das mulheres. Eu coloco cartas minhas e de amigas e mensagens de Deus para os outros. Eu tenho a internet como um ferramenta para atingir outras mulheres".
Fernanda deposita na fé a esperança em ter o cabelo de volta. "Por dentro eu já sou curada, quero que isso se mostre por fora. Quero mostram esta atitude de coragem para as pessoas, para eles amarem os outros com mais radicalidade".
"As pessoas devem enxergar que os problemas não são empecilhos. Graças a Deus eu tenho saúde. Temos que ativar o ato de agradecer por coisas pequenas. Se nem meu cabelo me parou, nada mais me para"
— , finalizou Fernanda
0 comments:
Postar um comentário