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domingo, 14 de agosto de 2022

SETE CRIANÇAS SÃO REGISTRADAS POR DIA SEM PAI NO MATO GROSSO DO SUL

 Na certidão de nascimento, apenas um espaço em braço no lugar destinado ao nome do pai. Foi essa a situação vivida pelo empresário Frank Rossatte, de 36 anos, até os 18 anos de idade. Para ele, mais que mera formalidade no documento, a ausência da  sempre representou uma falta que ia além.

“No dia dos pais era um momento em que eu sentia bastante. Na escola geralmente tem entrega de presentes e eu me sentia mal por saber que o meu não estava ali. Geralmente presenteava meu avô”, conta.

Somente no início da juventude, quando passou a entender sobre os direitos que tinha, o empresário foi em busca de ser reconhecido legalmente. “A inclusão da paternidade é importante porque envolve outros direitos legais, já que o afeto nem sempre é dado”, aponta.

A situação enfrentada por Frank por quase duas décadas é realidade recorrente. De agosto de 2021 a agosto deste ano, 2.862 crianças foram registradas sem o nome do pai em Mato Grosso do Sul, uma média de quase oito crianças por dia. Em comparação ao ano anterior, houve aumento de 223 novos casos.  

Campo Grande lidera a lista com maior número de casos. Ao todo, são 859 pais ausentes, índice de 6% do total de 14.146 nascimentos registrados na cidade no último ano.

Além do auxílio que não é dado para centenas de mães que criam seus filhos sozinhas, a ausência da figura paterna influencia diretamente no desenvolvimento das crianças. “ O pai estar presente é fundamental principalmente nos primeiros dois anos, pois é o momento da formação da personalidade, que faz com que as crianças tenham mais segurança, desenvolvam mais autonomia, autoconfiança e independência”, explica a psicopedagoga Glaucia Benini.

Segundo ela, crianças criadas sem o pai têm maior tendência a desenvolver ansiedade e dependência emocional. “Pesquisas mostram que uma  criada sem o pai tem propensão 11 vezes maior a ter agressividade e duas vezes de repetir de ano e desenvolver atrasos na leitura, ou seja, além da formação da personalidade, interfere na área cognitiva”, finaliza.

Pela lei, quando o pai é ausente ou se recusar, no momento do registro a mãe pode indicar o nome do suposto pai ao cartório, que dará início ao processo de reconhecimento judicial de paternidade.

Midiamax

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